
Em minhas contemplações desde minha chegada, em momentos de grande sensibilidade ao mundo exterior, me ocorria uma sensação estranha, uma espécie de "presença" trespassava meu campo de percepção. Conversas constantes com Ed-Son me confirmavam minhas suspeitas: havia alguém "diferente" entre nós.
A princípio acreditávamos tratar-se da aura de algum recém chegado como eu, pois vez por outra um novo aventureiro surgia em nossos portões, mas pouco ficavam diante da situação que conheciam por alto, e deparando-se com perigo verdadeiro punham-se a correr como gazelas ( mal comidas e saltitantes ).
O tempo se passava e o clima de tensão que antes apenas me alertava agora me trazia calafrios, a aura estava muito próxima,e parecia influenciar o comportamento de nossos companheiros.
Para aliviar as dores da alma, decidimos confraternizar com outros aventureiros nas torres de nossa fortaleza, bebendo fermentados e tragando uma planta comumente utilizada para tal. Eis que um jovem mago carregava consigo um exótico masserado de plantas de cor negra ( chá preto mesmo ), e o malicioso Ed-Son questionou-o sobre o usufruto do tal preparado:
- Jovem estudante, para que levas estas plantas?
- Senhor, vou fazer uma alquimia para curar males da comida.
- Dê-me aqui. ( uma boa fungada, e um sorriso astuto )- Gostaria de um punhado, poderia me ceder?
- Não faça cerimônia.
Ed-Son então retirou-se para sua masmorra, prometendo voltar com algo especial, e para nossa surpresa, em seu retorno trouxe consigo um preparado fumígeno que trazia a planta negra como seu principal componente de composição.
Lembro me bem de ter aprovado a idéia, para mim seria válido trocar o gosto seco e agressivo do fumígeno comum por algo mais refinado, e quando finalmente provei de seu composto ( cara, um cigarro de chá preto! ), deleitei-me ao sabor suave.
Esta foi uma de suas descobertas mais importantes, pois viria a originar o que séculos mais tarde seriam casas de venda e consumo de fumígenos de sabor sortido, um empreendimento muito bem sucedido.
Retomando o foco de meus escritos, momentos antes, naquele mesmo dia das descobertas fumígenas e calafrios na espinha, conheci duas figuras que seriam desfechos de outros capítulos: Podtilla ( traduzindo do mendiguês para nosso idioma " priscila pode crer, lê-se " pôtilha" ), druida advinda dos bambuzais da fé e Laytzche, companheira fiel ( ou não ) de Emo, O Covarde.
Podtilla retornou às florestas viajando por meio do poder de suas ervas muito peculiares, e seguimos festejando durante a noite.
As noites seguintes anunciavam nosso pior medo: Após a anunciação do Encardido como soberano do bloco A, uma segunda notícia se alastrava pelas paragens...Agora o Nanás e sua corja de Nanetes organizariam um baile mal caráter em homenagem ao general 120 ( o que fazia 69 com a mulher com uma garrafa de 51 enfiada no cú ).
Fora o desastre que seria a " confraternização " dos malacabados, sabíamos que era necessário infiltrar um de nós.
" No começo dói, depois fica gostosinho. Então, fica só gostosinho " - Palavas Sábias de um pensador anônimo.
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